NOTICIAS DO VATICANOMensagem do Papa Francisco para a Quaresma 2015 Interessa-Se por cada um de nós; o seu amor impede-Lhe de ficar indiferente perante aquilo que nos acontece. Coisa diversa se passa connosco! Quando estamos bem e comodamente instalados, esquecemo-nos certamente dos outros (isto, Deus Pai nunca o faz!), não nos interessam os seus problemas, nem as tribulações e injustiças que sofrem; e, assim, o nosso coração cai na indiferença: encontrando-me relativamente bem e confortável, esqueço-me dos que não estão bem! Hoje, esta atitude egoísta de indiferença atingiu uma dimensão mundial tal que podemos falar de uma globalização da indiferença. Trata-se de um mal-estar que temos obrigação, como cristãos, de enfrentar. Quando o povo de Deus se converte ao seu amor, encontra resposta para as questões que a história continuamente nos coloca. E um dos desafios mais urgentes, sobre o qual me quero deter nesta Mensagem, é o da globalização da indiferença. Dado que a indiferença para com o próximo e para com Deus é uma tentação real também para nós, cristãos, temos necessidade de ouvir, em cada Quaresma, o brado dos profetas que levantam a voz para nos despertar. A Deus não Lhe é indiferente o mundo, mas ama-o até ao ponto de entregar o seu Filho pela salvação de todo o homem. Na encarnação, na vida terrena, na morte e ressurreição do Filho de Deus, abre-se definitivamente a porta entre Deus e o homem, entre o Céu e a terra. E a Igreja é como a mão que mantém aberta esta porta, por meio da proclamação da Palavra, da celebração dos Sacramentos, do testemunho da fé que se torna eficaz pelo amor (cf. Gl 5,6). O mundo, porém, tende a fechar-se em si mesmo e a fechar a referida porta através da qual Deus entra no mundo e o mundo n’Ele. Sendo assim, a mão, que é a Igreja, não deve jamais surpreender-se, se se vir rejeitada, esmagada e ferida. Por isso, o povo de Deus tem necessidade de renovação, para não cair na indiferença nem se fechar em si mesmo. Tendo em vista esta renovação, gostaria de vos propor três textos para a vossa meditação. 1. « Se um membro sofre, com ele sofrem todos os membros » (1 Cor12,26)– A Igreja. Com o seu ensinamento e sobretudo com o seu testemunho, a Igreja oferece-nos o amor de Deus, que rompe esta reclusão mortal em nós mesmos que é a indiferença. Mas, só se pode testemunhar algo que antes experimentámos. O cristão é aquele que permite a Deus revesti-lo da sua bondade e misericórdia, revesti-lo de Cristo para se tornar, como Ele, servo de Deus e dos homens. Bem no-lo recorda a liturgia de Quinta-feira Santa com o rito do lava-pés. Pedro não queria que Jesus lhe lavasse os pés, mas depois compreendeu que Jesus não pretendia apenas exemplificar como devemos lavar os pés uns aos outros; este serviço, só o pode fazer quem, primeiro, se deixou lavar os pés por Cristo. Só essa pessoa « tem parte com Ele » (cf. Jo 13,8), podendo assim servir o homem. A Quaresma é um tempo propício para nos deixarmos servir por Cristo e, deste modo, tornarmo-nos como Ele. Verifica-se isto quando ouvimos a Palavra de Deus e recebemos os sacramentos, nomeadamente a Eucaristia. Nesta, tornamo-nos naquilo que recebemos: o corpo de Cristo. Neste corpo, não encontra lugar a tal indiferença que, com tanta frequência, parece apoderar-se dos nossos corações; porque, quem é de Cristo, pertence a um único corpo e, n’Ele, um não olha com indiferença o outro. « Assim, se um membro sofre, com ele sofrem todos os membros; se um membro é honrado, todos os membros participam da sua alegria » (1 Cor12,26). A Igreja é communio sanctorum, não só porque, nela, tomam parte os Santos mas também porque é comunhão de coisas santas: o amor de Deus, que nos foi revelado em Cristo, e todos os seus dons; e, entre estes, há que incluir também a resposta de quantos se deixam alcançar por tal amor. Nesta comunhão dos Santos e nesta participação nas coisas santas, aquilo que cada um possui, não o reserva só para si, mas tudo é para todos. E, dado que estamos interligados em Deus, podemos fazer algo mesmo pelos que estão longe, por aqueles que não poderíamos jamais, com as nossas simples forças, alcançar: rezamos com eles e por eles a Deus, para que todos nos abramos à sua obra de salvação. 2. « Onde está o teu irmão? » (Gn 4,9)– As paróquias e as comunidades Tudo o que se disse a propósito da Igreja universal é necessário agora traduzi-lo na vida das paróquias e comunidades. Nestas realidades eclesiais, consegue-se porventura experimentar que fazemos parte de um único corpo? Um corpo que, simultaneamente, recebe e partilha aquilo que Deus nos quer dar? Um corpo que conhece e cuida dos seus membros mais frágeis, pobres e pequeninos? Ou refugiamo-nos num amor universal pronto a comprometer-se lá longe no mundo, mas que esquece o Lázaro sentado à sua porta fechada (cf. Lc16,19-31)? Para receber e fazer frutificar plenamente aquilo que Deus nos dá, deve-se ultrapassar as fronteiras da Igreja visível em duas direcções. Em primeiro lugar, unindo-nos à Igreja do Céu na oração. Quando a Igreja terrena reza, instaura--se reciprocamente uma comunhão de serviços e bens que chega até à presença de Deus. Juntamente com os Santos, que encontraram a sua plenitude em Deus, fazemos parte daquela comunhão onde a indiferença é vencida pelo amor. A Igreja do Céu não é triunfante, porque deixou para trás as tribulações do mundo e usufrui sozinha do gozo eterno; antes pelo contrário, pois aos Santos é concedido já contemplar e rejubilar com o facto de terem vencido definitivamente a indiferença, a dureza de coração e o ódio, graças à morte e ressurreição de Jesus. E, enquanto esta vitória do amor não impregnar todo o mundo, os Santos caminham connosco, que ainda somos peregrinos. Convicta de que a alegria no Céu pela vitória do amor crucificado não é plena enquanto houver, na terra, um só homem que sofre e geme, escrevia Santa Teresa de Lisieux, doutora da Igreja: « Muito espero não ficar inactiva no Céu; o meu desejo é continuar a trabalhar pela Igreja e pelas almas » (Carta254, de 14 de Julho de 1897). Também nós participamos dos méritos e da alegria dos Santos e eles tomam parte na nossa luta e no nosso desejo de paz e reconciliação. Para nós, a sua alegria pela vitória de Cristo ressuscitado é origem de força para superar tantas formas de indiferença e dureza de coração. Em segundo lugar, cada comunidade cristã é chamada a atravessar o limiar que a põe em relação com a sociedade circundante, com os pobres e com os incrédulos. A Igreja é, por sua natureza, missionária, não fechada em si mesma, mas enviada a todos os homens. Esta missão é o paciente testemunho d’Aquele que quer conduzir ao Pai toda a realidade e todo o homem. A missão é aquilo que o amor não pode calar. A Igreja segue Jesus Cristo pela estrada que a conduz a cada homem, até aos confins da terra (cf.Act1,8). Assim podemos ver, no nosso próximo, o irmão e a irmã pelos quais Cristo morreu e ressuscitou. Tudo aquilo que recebemos, recebemo-lo também para eles. E, vice-versa, tudo o que estes irmãos possuem é um dom para a Igreja e para a humanidade inteira. Amados irmãos e irmãs, como desejo que os lugares onde a Igreja se manifesta, particularmente as nossas paróquias e as nossas comunidades, se tornem ilhas de misericórdia no meio do mar da indiferença! 3. « Fortalecei os vossos corações » (Tg 5,8)– Cada um dos fiéis Também como indivíduos temos a tentação da indiferença. Estamos saturados de notícias e imagens impressionantes que nos relatam o sofrimento humano, sentindo ao mesmo tempo toda a nossa incapacidade de intervir. Que fazer para não nos deixarmos absorver por esta espiral de terror e impotência? Em primeiro lugar, podemos rezar na comunhão da Igreja terrena e celeste. Não subestimemos a força da oração de muitos! A iniciativa 24 horas para o Senhor, que espero se celebre em toda a Igreja – mesmo a nível diocesano – nos dias 13 e 14 de Março, pretende dar expressão a esta necessidade da oração. Em segundo lugar, podemos levar ajuda, com gestos de caridade, tanto a quem vive próximo de nós como a quem está longe, graças aos inúmeros organismos caritativos da Igreja. A Quaresma é um tempo propício para mostrar este interesse pelo outro, através de um sinal – mesmo pequeno, mas concreto – da nossa participação na humanidade que temos em comum. E, em terceiro lugar, o sofrimento do próximo constitui um apelo à conversão, porque a necessidade do irmão recorda-me a fragilidade da minha vida, a minha dependência de Deus e dos irmãos. Se humildemente pedirmos a graça de Deus e aceitarmos os limites das nossas possibilidades, então confiaremos nas possibilidades infinitas que tem de reserva o amor de Deus. E poderemos resistir à tentação diabólica que nos leva a crer que podemos salvar-nos e salvar o mundo sozinhos. Para superar a indiferença e as nossas pretensões de omnipotência, gostaria de pedir a todos para viverem este tempo de Quaresma como um percurso de formação do coração, a que nos convidava Bento XVI (Carta enc. Deus caritas est, 31). Ter um coração misericordioso não significa ter um coração débil. Quem quer ser misericordioso precisa de um coração forte, firme, fechado ao tentador mas aberto a Deus; um coração que se deixe impregnar pelo Espírito e levar pelos caminhos do amor que conduzem aos irmãos e irmãs; no fundo, um coração pobre, isto é, que conhece as suas limitações e se gasta pelo outro. Por isso, amados irmãos e irmãs, nesta Quaresma desejo rezar convosco a Cristo: « Fac cor nostrum secundum cor tuum – Fazei o nosso coração semelhante ao vosso » (Súplica das Ladainhas ao Sagrado Coração de Jesus). Teremos assim um coração forte e misericordioso, vigilante e generoso, que não se deixa fechar em si mesmo nem cai na vertigem da globalização da indiferença. Com estes votos, asseguro a minha oração por cada crente e comunidade eclesial para que percorram, frutuosamente, o itinerário quaresmal, enquanto, por minha vez, vos peço que rezeis por mim. Que o Senhor vos abençoe e Nossa Senhora vos guarde! Vaticano, Festa de São Francisco de Assis, 4 de Outubro de 2014 (from Vatican Radio) 2015-01-27 Rádio Vaticana Papa convida a "descer da montanha" em encontro aos mais necessitadosFrancisco destacou a importância de cada baptizado ser uma pessoa capaz de “escutar” a voz de Jesus e “levar a sério” esta palavra, aconselhando os católicos a trazer sempre edição de bolso dos Evangelhos. O Papa desafiou este domingo os católicos a saber combinar uma vida de “oração”, de momentos diários de recolhimento e leitura do Evangelho, com a acção concreta em favor dos necessitados. “O encontro com Deus na oração leva-nos novamente a descer da montanha e voltar para baixo, à planície, onde encontramos tantos irmãos com o peso do cansaço, das injustiças, pobreza material e espiritual”, sublinhou, perante dezenas de milhares de pessoas reunidas para a recitação da oração do Ângelus. Partindo do episódio da Transfiguração de Jesus, no Monte Tabor, relatado pelos Evangelhos, Francisco destacou a importância de cada baptizado ser uma pessoa capaz de “escutar” a voz de Jesus e “levar a sério” esta palavra. “Vocês leem todos os dias uma passagem do Evangelho? Sim, não, sim, não. Alguns sim, outros não, mas é importante”, perguntou, de improviso, sugerindo depois que cada pessoa possa ter uma edição de “bolso” do Evangelho, para o poder ler e “escutar” a palavra de Jesus. “Pensai nisto, não é difícil, nem é necessário que sejam os quatro [Evangelhos]”, acrescentou. A questão voltaria a ser retomada, adiante, quando o Papa falou da necessidade de transmitir a mensagem cristã. “A palavra de Cristo em nós cresce quando nós a proclamamos, quando a damos aos outros, e esta é a vida cristã, é uma missão para toda a Igreja, para todos os batizados, para todos nós: escutar Jesus e oferecê-lo aos outros. Não se esqueçam, esta semana escutem Jesus. E pensai na proposta do Evangelho: vão fazê-lo?”, perguntou. “No próximo domingo, vão dizer-se se fizeram isto: ter um pequeno Evangelho no bolso ou na mala para ler uma pequena passagem, durante o dia”, disse ainda. A catequese teve como palavras centrais a “saída” e “descida”, tendo como pano de fundo a imagem da subida ao Monte Tabor, na Terra Santa, e a frase que os discípulos presentes ouviram de Deus, a respeito de Jesus: ‘Escutai-o”. “Termos necessidade de ir para um lugar reservado, de ir para a montanha num espaço de silêncio, para nos reencontrarmos e ouvir melhor a voz do Senhor”, declarou. Francisco sublinhou, no entanto, que este recolhimento exige, em seguida, uma resposta aos “irmãos que estão em dificuldade”, levando-lhes os “frutos” desta experiência com Deus. O Papa deixou votos de que todos saibam “prosseguir com fé e generosidade” o itinerário da Quaresma, “aprendendo cada vez mais a sair com a oração e a sair com a caridade fraterna”. Após a catequese, Francisco cumprimentou os vários grupos de peregrinos presentes, com uma palavra especial para a Comunidade Papa João XXIII, fundada pelo padre Oreste Benzi, que na sexta-feira vão organizar nas estradas do centro de Roma uma Via-Sacra especial pelas “mulheres vítimas do tráfico de pessoas”. “Eles são corajosos”, disse. O Papa concluiu com um convite a “recordar na oração” os passageiros e tripulação do avião da Malaysia Airlines, desaparecido há mais de uma semana com 239 pessoas a bordo, bem como os seus familiares. “Estejamos próximos deles, neste momento difícil”, apelou. Francisco despediu-se, como habitualmente, desejando “bom domingo e bom almoço”. In Renascença - 17-03-2014 Quaresma: Aveirenses devem prosseguir caminho» da Missão JubilarD. António Francisco dos Santos escreveu mensagem quaresmal à diocese
“A tarefa não terminou! Apenas uma etapa se cumpriu! A Missão Jubilar revelou-nos, com maior clareza, este amor primeiro de Deus por nós e abriu caminhos novos à missão da Igreja de Aveiro. Esta é a hora de continuar e de prosseguir este caminho!”, desafia D. António Francisco dos Santos. O administrador apostólico da diocese aveirense recorda a experiência da Missão Jubilar referindo-se a esta iniciativa que comemorou os 75 anos da restauração da diocese como “um belo e bom caminho percorrido pela Igreja de Aveiro”. “Cumprimos, de forma criativa, múltiplas e abençoadas etapas ao serviço da evangelização, sabemo-nos discípulos de Jesus Cristo e portadores da alegria do evangelho e sentimo-nos chamados, através de um novo dinamismo pastoral, a ser fermento, sal e luz, como presença da Igreja nesta casa comum da humanidade que é o mundo”, refere. O prelado lembra que esta experiência serviu para “ver os outros e olhar o mundo com os olhos de Deus”, sendo que a partir daí se descobriu “com alegria” que eram “muitos mais do que imaginavam a levar a boa nova das bem-aventuranças do reino a todos os lugares da diocese”. E é no espírito da Missão Jubilar que é proposta na Diocese de Aveiro uma nova caminhada para o tempo da Quaresma e do Tríduo Pascal com o lema: “Nesta Quaresma, atreve-te…”. “A caminhada de Quaresma, para a qual vos convoco, quer ajudar-nos a viver, a fortalecer e a desenvolver esta feliz experiência do amor de Deus e de comunhão entre pessoas, famílias, comunidades e movimentos, vamos colocar, em cada semana, a Palavra de Deus no coração do caminho para a Páscoa e fazer da Quaresma tempo de descoberta da alegria do evangelho”, escreve D. António Francisco dos Santos na sua mensagem quaresmal para 2014. “Escuta | Liberta-te | Transforma-te | Orienta-te | Renova-te | Manifesta-te | Vive, são desafios que a caminhada de Quaresma apresenta e compromissos a que a Quaresma convoca” e “são apelos de renovação espiritual ao alcance de todos: sacerdotes, diáconos, consagrados e leigos”, explica. O administrador apostólico de Aveiro acrescenta ainda que estes “são imperativos de conversão, que queremos assumir como pessoas e como comunidades, e caminhos de transformação humana e social, que vamos percorrer, para que o mundo sinta a ternura do amor de Deus e a força da esperança para vencer a miséria material, moral e espiritual” a que se refere o Papa Francisco na sua mensagem quaresmal. Aveiro, 05 mar 2014 (Ecclesia) Entrevista do Papa ao "Corriere della Sera": alguns temas e aspetos mais salientes do primeiro ano de pontificadoA um ano do início do pontificado, o Papa Francisco evoca estes doze meses, numa entrevista hoje publicada pelo quotidiano “Il Corriere della Sera”, em que sublinha aspetos salientes do seu magistério e da vida da Igreja, assim como decisões que tomou sobre a Cúria Romana e as suas relações com o Papa emérito. Precisamente sobre Bento XVI, Papa Francisco observa que “não é uma peça de museu, é uma instituição”, “não estávamos habituados e porventura virá a haver outros”. “Conjuntamente decidimos que participasse na vida Igreja” – declara Papa Francisco. “A sua sabedoria é um dom de Deus”. No que diz respeito à sua maneira pessoal de agir, o Papa confessa que “gosta de estar no meio das pessoas”, “não me agradam interpretações ideológicas”. Considerar o Papa como “uma espécie de super-homem” parece–lhe ofensivo: o Papa é um “homem normal”. À pergunta “o Papa é um homem só?”, responde: “Sim e não. No seus trabalho, recebe o apoio e conselho de muitas pessoas, mas há um momento, quando se trata de decidir, em que está só com o seu sentido de responsabilidade”. Na entrevista são abordados alguns temas fortes, a começar pelos abusos de menores. “Feridas profundíssimas” – diz o Papa. “A Igreja percorreu um longo caminho, na via aberta por Bento XVI, mais do que outros. “É porventura a única instituição pública a ter agido com transparência e responsabilidade” e contudo – sublinha – “é a única a ser atacada”. Relativamente aos divorciados, o pontífice reafirma que qualquer decisão que venha a ser tomada será fruto de uma profunda reflexão. O matrimónio é entre um homem e uma mulher e as uniões civis são pactos de convivência de diversa natureza. “Há que ver os casos concretos e avaliá-los na sua variedade”. Sobre o lugar da mulher na Igreja e a sua promoção, o Papa reafirma que não só “pode e deve estar mais presente nos lugares de decisão”, mas acrescenta que há que pensar que a Igreja “é feminina desde as suas origens”, guiada pelo princípio mariano lado a lado com o princípio petrino. Está em curso na Igreja o aprofundamento teológico sobre a questão. Interpelado sobre o controlo dos nascimentos, observa que a doutrina da igreja não muda, mas há que ver as coisas de modo aprofundado. Sobre os chamados “valores não negociáveis”, declara não compreender que sentido tenha a expressão: “os valores são valores, e basta”. Finalmente, algumas referências ecuménicas e internacionais. Com a China, há relações – declara Papa Bergoglio, referindo uma troca de cartas com o presidente Xi Jinping. Sobre a hipótese de que, na próxima viagem à Terra Santa, em maio, se pudesse chegar a um acordo de inter-comunhão com os Ortodoxos, o Papa afirma: “Estamos todos impacientes de obter resultados, mas o caminho da unidade quer dizer sobretudo caminhar e trabalhar conjuntamente”. Rádio Vaticano 2014 03-05 Quaresma:Papa denuncia misérias que afetam humanidadeFrancisco assina primeira mensagem para este tempo litúrgico, dedicada ao tema da pobreza“Quando o poder, o luxo e o dinheiro se tornam ídolos, acabam por se antepor à exigência duma distribuição equitativa das riquezas. Portanto, é necessário que as consciências se convertam à justiça, à igualdade, à sobriedade e à partilha”, refere o texto, divulgado pelo Vaticano, com o título ‘Fez-Se pobre, para nos enriquecer com a sua pobreza’, inspirado numa passagem da segunda carta de São Paulo aos Coríntios. O documento sublinha que a miséria “não coincide com a pobreza”, mas é “a pobreza sem confiança, sem solidariedade, sem esperança”. “Quantas pessoas se veem constrangidas a tal miséria por condições sociais injustas, por falta de trabalho que as priva da dignidade de poderem trazer o pão para casa, por falta de igualdade nos direitos à educação e à saúde”, lamenta o Papa. Francisco recorda todos os que vivem “numa condição indigna da pessoa”, privados de direitos fundamentais e bens de primeira necessidade como “o alimento, a água, as condições higiénicas, o trabalho, a possibilidade de progresso e de crescimento cultural”. “O nosso compromisso orienta-se também para fazer com que cessem no mundo as violações da dignidade humana, as discriminações e os abusos, que, em muitos casos, estão na origem da miséria”, acrescenta Francisco. A mensagem observa que “não menos preocupante” é a miséria moral, apresentada como uma escravatura “do vício e do pecado”. “Quantas famílias vivem na angústia, porque algum dos seus membros – frequentemente jovem – se deixou subjugar pelo álcool, pela droga, pelo jogo, pela pornografia”, alerta. O Papa mostra-se próximo das pessoas que “perderam o sentido da vida” e “perderam a esperança”. “Nós, cristãos, somos chamados a ver as misérias dos irmãos, a tocá-las, a ocupar-nos delas e a trabalhar concretamente para as aliviar”, apela. Francisco liga a miséria moral à espiritual, que define como afastamento de Deus e recusa do seu amor, convidando a Igreja a enfrentá-la “corajosamente”, com “novas vias de evangelização e promoção humana”. “O Evangelho é o verdadeiro antídoto contra a miséria espiritual”, prossegue. O Papa questiona os católicos sobre o sentido atual do “convite à pobreza, a uma vida pobre em sentido evangélico”, que não consiste numa opção pela “pobreza em si mesma”, mas num “modo” de amar o outro, à imagem de Jesus. “Poder-se-ia dizer que só há uma verdadeira miséria: é não viver como filhos de Deus e irmãos de Cristo”, sublinha. Francisco fala na Igreja como “um povo de pobres” e diz que deve estar “pronta e solícita para testemunhar, a quantos vivem na miséria material, moral e espiritual, a mensagem evangélica, que se resume no anúncio do amor do Pai misericordioso, pronto a abraçar em Cristo toda a pessoa”. A Quaresma, que se inicia esta quarta-feira, com a celebração de Cinzas, é um período de 40 dias, excetuando os domingos, marcado por apelos ao jejum, partilha e penitência, que serve de preparação para a Páscoa, a principal festa do calendário cristão. “Não esqueçamos que a verdadeira pobreza dói: não seria válido um despojamento sem esta dimensão penitencial. Desconfio da esmola que não custa nem dói”, escreve o Papa. Cidade do Vaticano, 04 mar 2014 (Ecclesia) D. António Francisco dos Santos, novo bispo do Porto, uma grande figura do Episcopado PortuguêsPatriarca de Lisboa considera que o novo bispo do Porto “é uma grande figura do episcopado português, pela sua inteligência, a sua serenidade, o seu sentido pastoral, a sua proximidade ao clero e aos fiéis, também à sociedade civil”. Foi desta forma que D.Manuel Cemente reagiu á nomeação do seu sucessor na diocese do Porto, D.António Francisco dos Santos, desde 2006 bispo de Aveiro. Elogios e palavras de reconhecimento que chegam também dos presidentes de camara de Aveiro e do Porto numa altura em que já se percebem algumas das expectativas dos fieis na diocese do Porto com a chegada do novo bispo,. como nos destaca o nosso correspondente em Portugal Domingos Pinto… D.António Francisco dos Santos é, portanto, o novo bispo do Porto. Ainda não há data para a sua entrada naquela diocese. Na sua nova missão vai ter como bispos auxiliares D.Pio Alves, até aqui Administrador Apostólico do Porto, e ainda D.António Bessa e D.João Lavrador. Ouça a entrevista a D. Manuel Clemente Rádio Vaticano, 24 de Fevereiro de 2014 A vocação do bispo,do cardeal e do Papa é ser servidor, servir em nome de CristoAs palavras do Papa Francisco pronunciadas no AngelusCidade do Vaticano, 24 de Fevereiro de 2014 (Zenit.orgNo Angelus deste domingo, 23 de fevereiro, o Papa Francisco destacou que a Igreja confia aos novos cardeais o testemunho do estilo de vida pastoral de que falava São Paulo: a unidade na Igreja, a unidade entre os fiéis. Eis a íntegra das palavras do Papa: Queridos irmãos e irmãs, bom dia! Na Segunda Leitura deste domingo, São Paulo afirma: “Ninguém ponha sua glória em homem algum. Com efeito, tudo vos pertence: Paulo, Apolo, Cefas [isso é, Pedro], o mundo, a vida, a morte, o presente, o futuro; tudo é vosso, mas vós sois de Cristo, e Cristo é de Deus” (1 Cor 3, 23). Por que o Apóstolo diz isso? Porque o problema ao qual o Apóstolo se encontra diante é aquele das divisões na comunidade de Corinto, onde se havia formado grupos que se referiam aos vários pregadores considerando-os seus chefes; diziam: “Eu sou de Paulo, eu sou de Apolo, eu sou de Cefa…” (1, 12). São Paulo explica que este modo de pensar é errado, porque a comunidade não pertence aos apóstolos, mas são eles – os apóstolos – que pertencem à comunidade; porém, a comunidade, inteira, pertence a Cristo! Desta pertença, deriva que nas comunidades cristãs – dioceses, paróquias, associações, movimentos – as diferenças não podem contradizer o fato de que todos, pelo Batismo, temos a mesma dignidade: todos, em Jesus Cristo, somos filhos de Deus. E esta é a nossa dignidade: em Jesus Cristo somos filhos de Deus! Aqueles que receberam um ministério de guia, de pregação, de administrar os Sacramentos não devem se considerar proprietários de poderes especiais, patrões, mas se colocar a serviço da comunidade, ajudando-a a percorrer com alegria o caminho da santidade. A Igreja hoje confia o testemunho desse estilo de vida pastoral aos novos cardeais, com os quais celebrei esta manhã a Santa Missa. Podemos saudar todos os novos cardeais, com um aplauso. Saudemos todos! O consistório de ontem a celebração eucarística de hoje nos ofereceram uma ocasião preciosa para experimentar a catolicidade, a universalidade da Igreja, bem representada pela variada proveniência dos membros do Colégio Cardinalício, recebidos em estreita comunhão em torno do Sucessor de Pedro. E que o Senhor nos dê a graça de trabalhar pela unidade da Igreja, de construir esta unidade, porque a unidade é mais importante que os conflitos! A unidade da Igreja é de Cristo, os conflitos são problemas que não são sempre de Cristo.. Os momentos litúrgicos e de festa, que tivemos a oportunidade de viver ao longo dos dois últimos dias, reforcem em todos nós a fé, o amor por Cristo e pela sua Igreja! Convido-vos também a apoiar estes Pastores e a auxiliá-los com a oração, a fim de que guiem sempre com zelo o povo que lhes foi confiado, mostrando a todos a ternura e o amor do Senhor. Mas quanta necessidade de oração tem um bispo, um cardeal, um Papa, a fim de que possa ajudar a seguir adiante o Povo de Deus! Digo “ajudar”, isso é, servir o Povo de Deus, porque a vocação do bispo, do cardeal e do Papa é justamente essa: ser servidor, servir em nome de Cristo. Rezem por nós, para que sejamos bons servidores: bons servidores, não bons patrões! Todos juntos, bispos, presbíteros, pessoas consagradas e fiéis leigos devemos oferecer o testemunho de uma Igreja fiel a Cristo, animada pelo desejo de servir os irmãos e pronta a ir ao encontro com coragem profética às expectativas e exigências espirituais dos homens e mulheres do nosso tempo. Nossa Senhora nos acompanhe e nos proteja neste caminho. Em abril e em Junho as novas reuniões do Papa com o C8 para continuar o exame sobre o IOR e departamentos da Santa Sé O Conselho dos Cardeais (C-8 como é chamado) continua com intensidade o seu trabalho no Vaticano. Na manhã de hoje (19) não contaram com a presença do Santo Padre por causa da audiência geral. O conselho dos oito cardeais mais o secretário de estado Pietro Parolín, foi criado pelo Papa Francisco para que o ajudem no governo da Igreja e na reforma da Cúria.
A reunião de ontem à tarde entre o Papa e o C-8 continuou concentrada nos informes que recebeu de duas comissões: uma sobre a estrutura econômica e administrativa (COSEA) e outra sobre o IOR. Os cardeais estudaram o material recebido e formularam propostas ao Santo Padre sobre os dois assuntos.
Durante a reunião desta quarta-feira pela tarde, Francisco e o 'C- 8', encontrar-se-ão com outro grupo, o conselho dos 15 cardeais, que foi instituído por João Paulo II e é responsável do balanço geral consolidado da Santa Sé e do Governatorato do estado da Cidade do Vaticano. Confirmou-o na manhã de hoje o Pe. Federico Lombardi, porta-voz da Santa Sé, em uma coletiva de imprensa e afirmou que o encontro será celebrado na Sala Bolonha do Palácio Apostólico, que é mais espaçosa.
Lá, os representantes das duas comissões farão novamente uma apresentação, embora mais curta, para permitir que os 15 cardeais façam perguntas.
Na reunião desta tarde pela Comissão COSEA, acudiu o presidente Joseph F.X., Zahra; o secretário, monsenhor Lucio Vallejo Balda e Jochen Messemer, que é também revisor internacional da Prefeitura de Assuntos Econômicos. Em nome da Comissão relativa ao IOR estiveram presentes os cardeais Raffaele Farina e Juan Ignacio Arrieta.
Soube-se também que o C-15 terá as suas reuniões ordinárias na próxima segunda-feira e terça-feira, para discutir dos temas que lhe diz respeito. “Em suma, poderíamos dizer que a desta manhã e desta tarde são reuniões comunicativas, informativas e de coordenação”, disse Lombardi.
Além disso, o porta-voz do Vaticano anunciou quais serão as datas para as futuras reuniões do Papa com o C8. O próximo encontro será do 28 ao 30 de abril, justo depois da canonização de João Paulo II e de João XXIII. E a seguinte ocasião será do 1 ao 4 de Julho.
"Confirma-se assim - concluiu o porta-voz - que não se concluiu a análise dos diversos departamentos da Santa Sé".
Roma, 19 de Fevereiro de 2014 (Zenit.org) Rocio Lancho García
2015-01-28 | Redação Outros artigos
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